Transtorno de Personalidade Borderline

 

Recentemente, o interesse pelo Transtorno de Personalidade Borderline tem aumentando, possivelmente influenciado por dois fatores. Primeiro o aumento do número de indivíduos que preenchem os critérios para este transtorno em centros de saúde mental e consultórios particulares. Aproximadamente 11% de todos os pacientes psiquiátricos ambulatoriais e 19% dos pacientes psiquiátricos internados atendem os critérios para o transtorno de personalidade borderline. Em segundo lugar, a dificuldade no tratamento e/ou tratamentos pouco eficazes. Os estudos demonstram que a disfunção inicial é intensa, a melhora é lenta, podendo levar vários anos.

O indivíduo com o transtorno de personalidade borderline normalmente sofre e causa muito sofrimento, geralmente de forma bem dolorosa e dramática. É o transtorno de personalidade com mais elevada taxa de suicídio consumado e tentativa de suicídio.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM V traz como características do indivíduo borderline o esforço para evitar abandono real ou imaginado; padrão de relacionamentos instáveis e intensos; impulsividade relacionada a sexo, abuso de substâncias, direção perigosa ou compulsão alimentar; comportamentos, gestos ou ameaças suicidas ou comportamento de automutilação; instabilidade afetiva; raiva intensa e inapropriada e sentimento de vazio. A desregulação emocional é uma característica marcante neste transtorno.

Indivíduos borderline, quando acreditam que possam ser abandonados, podem achar que este “abandono” implica que eles são maus e o medo de serem abandonados pode gerar esforços desesperados para evitá-lo, o que geralmente envolve ações impulsivas como automutilação ou comportamentos suicidas.

Apesar das dificuldades no tratamento de pacientes com este diagnóstico e de boa parte das abordagens não conseguirem um resultado satisfatório nestes casos, existe uma abordagem que vem apresentando bons resultados e que cresce a cada dia. A Terapia Comportamental Dialética – DBT, desenvolvida pela Dra. Marsha Linehan na década de 80,  combina uma compreensão empática da experiência interna dos indivíduos borderline com as ferramentas técnicas da terapia cognitivo comportamental. Suas técnicas são claras e fáceis de aprender e ensinar e fazem sentido para o terapeuta e paciente.

Em resumo, o foco da DBT não é a modificação direta do conteúdo do pensamento (por exemplo, a ideação suicida), mas a construção de uma vida que valha a pena ser vivida.

 

Referências:

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.

LINEHAN, M. M. Terapia cognitivo-comportamental para o transtorno da personalidade borderline. Porto Alegre: Artmed, 2010.

LUCENA-SANTOS, P.; PINTO-GOUVEIA, J.; OLIVEIRA, M. S. (Orgs.). Terapias Comportamentais de Terceira Geração: guia para profissionais. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2015.

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